domingo, 13 de dezembro de 2009

SARNEY ESCREVE SOBRE CORRUPÇÃO

O Senador José Sarney escreveu artigo sobre a corrupção. É interessante a leitura, uma vez que foi produzido por quem entende do assunto. Digo por quem entende do assunto não para induzir no leitor a horrenda noção de que o ex-presidente seja alguém corrupto, não. Mas sim, porque, fazendo parte do meio político, conhece o seu funcionamento amiúde, já tendo passado muitas décadas no centro do Poder, onde os mais diversos escândalos acontecem, nem todos vindo à tona, muitas vezes em razão dos secretos dos seus atos...
Enfim, para aqueles que queiram conhecer a história da corrupção e um pouco mais sobre ela, vale a pena a leitura. Só faço um reparo no iminente imortal da Academia Brasileira de Letras. Ele culpa o sistema eleitoral pela corrupção. Esqueceu-se, simplesmente, da má índole de muitos representantes populares, da desonestidade, da incúria, do vício moral, da ambição e da falta de ética dos corruptos. Mas isso é só um detalhe... Para quem, como o ex-presidente, teve uma vida pública de muitas décadas ofereceidas ao Brasil, a impunidade, digo imunidade, por eventual deslize é algo exigível da sociedade brasileira. Digo deslize em relação ao artigo publicado.
Não me entendam mal.
Segue, na íntegra, o artigo do notabilíssimo Senador:


"A pandemia da corrupção

NA HISTÓRIA da humanidade e da civilização, jamais foi encontrado antídoto algum contra a corrupção. Já o Código de Hamurabi, que data de 1700 a.C., durante muito tempo considerado o primeiro código legal da humanidade, fala em punição de governantes corruptos.


Cícero e Catão construíram suas histórias políticas martelando contra ela, e em todos os parlamentos existem grupos ou pessoas que fazem sua carreira defendendo a pureza das instituições a que pertencem ou atacando a dignidade de seus colegas.

As ideias políticas do mundo ocidental incorporaram o combate à corrupção e, mais do que isso, a acusação aos adversários de corruptos como chaves da atividade política.

Adriano Moreira, um grande mestre da ciência política em Portugal, anota com agudeza que o discurso de Péricles aos mortos da Guerra do Peloponeso já inclui as duas coisas: primeiro, a condenação da corrupção; depois, a acusação do adversário de corrupto quando fala do roubo de ouro das estátuas de Fídias, a quem defende.

Ultimamente, os escândalos de corrupção têm marcado a vida pública brasileira. São episódios vergonhosos, que denigrem cada vez mais os políticos. Se a corrupção é um câncer para a sociedade, muito mais quando se trata da corrupção política, definida como "o uso ilegal do poder político e financeiro com objetivo de transferir renda pública ou privada de maneira criminosa para indivíduos ou grupos".

Muitas leis, barreiras, ameaças, punições têm tentado evitá-las. Nossa primeira lei contra a corrupção de colarinho branco foi feita por mim (lei 7.492/86). É de minha autoria a lei que determina a declaração de bens de candidatos a cargos públicos.

Mas nada disso pode deter a doença que ataca a classe política. Nabuco, no discurso em que defende João Alfredo -o presidente do Conselho que fez a Lei Áurea-, dizia o quanto ela era uma constante da nossa história e citava casos, como o das concessões para loterias, engenhos centrais e outras. Mas, comparadas com as de hoje, são quase que pecadilhos angelicais.

O que ocorre no país neste instante é inclassificável. É trágico, deprimente, inconcebível, sob todos os ângulos. Mas acredito que o grande responsável por tudo isso esteja passando incólume.

É o nosso sistema eleitoral. O voto uninominal proporcional, que destrói a democracia, os partidos, a vida pública e a própria classe política. Para a eleição, os ideais, os programas e os princípios de nada servem. Só o dinheiro necessário para a vitória. E o país pensa que enforcar os corruptos resolve tudo. Quem deve ser enforcado é o sistema eleitoral. Sem isso, de nada adianta punir ou envergonhar-se.

(*) Presidente do Senado Federal e escreve às sextas-feiras na coluna da Folha de S. Paulo"

Fonte: http://www.pmdb.org.br/artigos.php?cd=1735

Um comentário:

  1. Por favor, alguém me explique o que é que o Sarney quer colocar no lugar de nosso sistema eleitoral!!!! Um sistema de concurso público para Políticos?!!! Só se for isso! Podemos até pensar em cursinhos para Politicos, na sequência, cursos de graduação para Politícos, Facul com O Sarney como Reitor!! Fala sério!


    Marcus Santana

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